Friday, September 14, 2007
Pasta com Livros - 488 xerox do prédio 8
Wednesday, September 12, 2007
Grupos da noite
Júlia
Taynah
Leandro
Juliano
Bruna Martins
CIBERCULTURA (Já foi)
Jamille
Pamilli
Raquel
Helena
Fernando
CONVERGÊNCIA (26/9)
Sandro
Tiago
Maurício
Rafael
Gabriel
(Paula?)
WEB 2.0 (10/10)
Ícaro
Felipe
Leonardo
Luiza
Tiago
Carla
BLOGS E PRIVACIDADE (24/10)
Kassiana
Vladmir
Juliana
Letícia
BLOGS
Janaína Azevedo
Priscila Pasko
Renata
Richard
JORNALISMO PARTICIPATIVO (07/11)
Stefano Hildebrandt
Manuela Maia
Marcio Meneghini
Rafaela Melz
INTERATIVIDADE (21/11)
Grupo A
Amora Marzulo
Adriana Agüero
Paula Letícia
Tatiana Mocelin
Grupo B
Aline
Angela
Juliana C.
Lucas
Mateus
Coordenador de Políticas Digitais defende estrutura pública de banda larga para o Brasil
Nesta conversa/podcast com a Agência Brasil, Prado fala sobre o lançamento da segunda etapa do programa de cultura digital do Ministério da Cultura, a partir de Piraí, cidade fluminense que se bandalargou para o mundo. No coração dessa política, está a defesa de uma estrutura pública de conexão rápida à internet, por meio da banda larga. Leia e ouça o que ele diz.
Por que banda larga?
"A banda larga viabiliza a diversidade, as minorias, as questões culturais que estão em extinção, as espécies culturais que estão em extinção. Essa revitalização, esse renascimento dessas possibilidades se dá através da banda larga. O centro do mundo deixa de ser geográfico. Você passa a estar no centro do mundo se estiver plugado e usar de forma plena a interatividade que isso te possibilita. O cyberespaço é um território realmente democrático e novo onde a informação, a oxigenação, a percepção, as novas questões, podem lhe ser oferecidas ali onde você está. Essa é a compreensão que nós temos da possibilidade cultural da banda larga."
A banda larga e a cultura
"Banda larga é essencial, na realidade, para a cultura, mais do que para qualquer outra coisa, porque outras coisas podem trafegar em banda menores. É só a cultura que tem caminhões pesados do ponto de vista de bits e bytes, porque a cultura trafega audiovisual que precisa de banda, trafega imagem, música, estas são as grandes demandas de largueza da banda."
A banda larga e a diversidade cultural
"O que impede a diversidade de existir é a divulgação, a difusão, a circulação, a distribuição da informação cultural. Os processos analógicos viabilizaram processos de distribuição que são gargalos da diversidade.
Vou dar um exemplo: uma música se transforma num CD, antigamente era um LP e depois virou um CD, mas um objeto que vai de caminhão para uma loja, que vai de caminhão para onde você chega. Isso inviabilizou que alguém em Xapuri, que tivesse interessado em uma música extremamente sofisticada, ele não tinha como, porque não tinha como o LP ou o CD dessa música mais elaborada, essa música minoritária, chegasse lá porque esse objeto ia ficar encalhado na loja de CD lá do pedaço. Não tinha como, na verdade, distribuir minorias.
É semelhante com qualquer outra minoria e conseqüentemente a soma das minorias é o que cria a fantástica possibilidade de existir diversidade. Então existe uma coisa prática na questão da diversidade que estava condenando as minorias a não existirem e a diversidade a ser uma espécie em extinção.
Com a banda larga isso se inverte. Nenhuma coisa desaparece mais. Por exemplo: o livro print on demand [impresso sob demanda], a nova tendência do livro, a máquina que faz livros, acabou com o livro esgotado. O livro esgotado é o fim da diversidade. Livros em que só poucas pessoas estão interessadas, idéias muito elaboradas, sofisticadas, podem continuar existindo. Acabou o livro esgotado. Isso é um belo exemplo de como o digital pode construir uma nova realidade em relação à diversidade."
A banda larga e a cidadania
"O impacto sobre a economia da cultura é brutal. Mas ele é muito maior se a gente prestar atenção na questão da auto-estima do cidadão brasileiro, se a gente prestar atenção na inclusão de forma muito ampla e genérica - não é inclusão digital, não, é inclusão do ser humano na possibilidade de ser cidadão que a banda larga traz. Esse fenômeno cultural nos interessa para além da questão das coisas específicas de produtos culturais que possam estar impactando a economia da cultura. A economia da cidadania é que vai ser catapultada a graus extremamente elaborados e sofisticados para uma política pública de banda larga."
A banda larga e o governo federal
"Há quatro anos, quando a gente começou a trabalhar nessa direção, dentro do Ministério da Cultura e do governo em geral, ninguém falava dessa questão. Ninguém tocava nesse assunto. Software livre, por exemplo, a quantidade de gente que não tinha a menor noção do software livre, como o software livre poderia impactar na direção da autonomia, da identidade, das questões também ligadas à diversidade. Banda larga era quase uma metáfora muito distante.
Hoje essa discussão chegou ao Palácio do Planalto, à centralidade do governo. Estamos andando na velocidade digital. Em quatro anos, a diferença é brutal. Eu acho que estrategicamente, para qualquer país, mas sobretudo para o Brasil, que tem distâncias inacreditáveis, a montagem de uma infra-estrutura pública de banda larga no país todo é a única coisa que pode dar liga a uma compreensão política, social e cultural muito mais ampla de processos de mudança e de processos de avanço políticos, sociais e culturais."
(Da Agência Brasil)
Inclusão digital por quem a faz
Wednesday, September 5, 2007
Entrevista com Andrew Keen
São Paulo, segunda-feira, 30 de julho de 2007
Ataque à blogosfera
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3007200707.htm
"Anticristo" entre os blogueiros, historiador britânico Andrew Keen diz em livro que a internet está matando a cultura e critica sites como YouTube e Wikipedia
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
George Orwell não entendeu o futuro. Em seu clássico "1984", o escritor temia pelo desaparecimento do direito à expressão individual, mas, no atual mundo da internet, o verdadeiro horror é justamente o oposto: a abundância de autores e de opiniões.
O raciocínio é do historiador britânico Andrew Keen, 46, ex-professor das universidades de Massachusetts e Berkeley (EUA) e um dos pioneiros do Vale do Silício, que na primeira onda da internet fundou o site de música Audiocafe.com.
Keen tornou-se um dos líderes da crítica à internet graças a seu livro "The Cult of the Amateur: How Today's Internet Is Killing Our Culture" (o culto ao amador: como a internet de hoje está matando nossa cultura), recém-lançado no exterior e ainda sem edição no Brasil. Sua cruzada não é contra a tecnologia em si, mas contra a revolução da segunda geração da internet, a web 2.0, baseada na interatividade e no conteúdo gerado pelos usuários, cujos marcos são os blogs e sites como o YouTube e a Wikipedia -que, segundo Keen, estão gerando "menos cultura, menos notícias confiáveis e um caos de informações inúteis". Graças ao livro, Keen tornou-se uma espécie de anticristo entre os blogueiros, sendo chamado desde "prostituta das grandes corporações" até "um mastodonte rosnando contra os ventos da mudança".
Em entrevista à Folha por telefone, ele explicou suas idéias e por que, mesmo com toda sua crítica, tem um blog.
FOLHA - O sr. fala em "darwinismo digital" para descrever o funcionamento dos blogs.
ANDREW KEEN - Sim, é a sobrevivência do mais adaptado, o que, no caso dos blogs, significa os que escrevem mais. A blogosfera é muito competitiva e masculina, é um jogo em que, para você ganhar, alguém tem que perder. Não é lugar para conversas ponderadas.
FOLHA - O sr. também vê um resquício da cultura hippie na web 2.0?
KEEN - Há um legado hippie na filosofia libertária da blogosfera, no desprezo à autoridade, à mídia tradicional. Acho que a autoridade do Estado, da mídia, são coisas que devemos prezar, porque têm valores significantes que, se minados, criariam a anarquia. A rejeição da autoridade vista nos blogs não é progressista, é anarquista.
FOLHA - Mas o sr. é contra experiências como o Creative Commons [sistema de licenciamento de obras artísticas pela internet]?
KEEN - Acho que é um movimento que inclui moderados e radicais. Eu o respeito, mas temo que ele esteja desvalorizando a credibilidade da propriedade intelectual. Acho que a idéia funciona quando você é um sofisticado professor de direito como Larry Lessig [criador do Creative Commons], mas me preocupa que as pessoas se apóiem em um conceito como o que ele criou para roubar idéias alheias, me inquieta essa permissividade geral em relação aos direitos autorais, em especial entre os jovens.
FOLHA - É isso que causa o que o sr. chama de "assalto à economia"?
KEEN - Talvez eu tenha estabelecido, no livro, muita causalidade entre a ascensão da nova mídia e o declínio da tradicional. As novas mídias são uma das causas do declínio, mas a indústria de música, os estúdios de Hollywood, os grandes jornais e TVs têm outros problemas. Dito isso, acho que deveríamos prezar pela existência de mídia tradicional.
FOLHA - Mas não é apenas a falta de adaptação às novas tecnologias que prejudica a mídia tradicional?
KEEN - Não me oponho à tecnologia, entendo que ela sempre muda tudo e que temos que mudar com ela. Mas nem todo avanço tecnológico é bom e, em algumas circunstâncias, pode ser bom gerenciar ou conter as mudanças tecnológicas, se elas minam a sociedade. A Escola de Frankfurt se mostrou correta, emburrecemos nossa cultura e me preocupa que a internet continue fazendo isso, acabando com nossa vitalidade cívica e com a economia do entretenimento e da informação.
FOLHA - Por que a "democratização da internet" é falaciosa?
KEEN - Porque há novos oligopólios anônimos na rede, nos jogos on-line, nos pequenos grupos de ativistas que editam a Wikipedia, nos poucos blogueiros que dominam a maior parte dos acessos entre os 70 milhões de blogs. Não vejo como a web 2.0 está democratizando a mídia, acho que acontece o oposto: a mídia tradicional fornece informação de qualidade acessível às massas e não acho que a segunda geração da web esteja reproduzindo isso.
FOLHA - O fato de o sr. ter um blog não é paradoxal?
KEEN - Tenho blog para vender o livro e construir minha marca. A internet é uma grande plataforma de marketing, mas é preciso ter algo por trás. Meu livro não defende que as pessoas não tenham blogs, apenas que não finjam que são substitutos da mídia tradicional ou representantes de fontes de informação confiáveis sobre o mundo. Como as pessoas saberiam da crise aérea brasileira, por exemplo, sem jornalistas profissionais? Iam ter de se basear em blogueiros, que podem ser representantes das companhias aéreas ou do governo?
O PAPEL DAS ELITES
O PAPEL DAS ELITES
Folha de S. Paulo - Mais! São Paulo, domingo, 25 de março de 2007
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2503200711.htm
Pioneiro na informação on-line, Robert Cauthorn diz que barateamento da banda larga e telas portáteis de alta qualidade modificarão profundamente os jornais impressos, que em breve deverão sair apenas nos fins de semana
LAURE BELOT PASCALE SANTI
Para o jornalista americano Robert Cauthorn, pioneiro da informação on-line, a revolução digital nos meios de comunicação promete aposentar o jornalismo diário em papel em apenas uma geração. Segundo o responsável pela adaptação à web de jornais como o "San Francisco Chronicle", premiado pela Newspaper Association of America como "pioneiro digital", a geração nascida com internet prescinde de folhear as páginas impressas do jornal. A mudança é só uma questão de os preços do "papel eletrônico" e das conexões sem fio chegarem a um nível acessível, disse ele na entrevista abaixo, dada ao "Le Monde".
PERGUNTA - O "Yantai Daily", na China, e o "Les Echos", na França, estão fazendo experimentos com jornais que podem ser lidos numa simples folha eletrônica. Quando os jornais existirão apenas em formato digital?
ROBERT CAUTHORN - A revolução digital já está em curso. A hegemonia será dos suportes eletrônicos, que permitem o acesso a informações constantemente atualizadas. É pouco provável que um adolescente de hoje, integrante da geração dos "digital natives" [nativos digitais], nascidos com internet, leia um jornal diário impresso quando chegar aos 30 anos. Tudo se acelera. Já hoje, meu telefone 3G [de terceira geração] me permite acessar vídeos de 30 imagens por segundo e um grande número de textos, a qualquer momento e em qualquer lugar. Os jornais impressos vão se tornar anacrônicos a partir do momento em que houver ampla disponibilidade de telas de alta qualidade e baixo preço e quando as conexões de banda larga e sem fio se generalizarem. Isso deve acontecer em menos de cinco anos nos EUA.
PERGUNTA - Quer dizer então que o jornal de papel vai desaparecer?
CAUTHORN - Um livro impresso sempre terá razão de ser, já que pode ser lido várias vezes ao longo de muitos anos. Mas quais serão as vantagens do papel para um jornal? A força do hábito para muitas gerações de leitores e o conforto da leitura em folhas grandes, mais agradável do que a leitura na tela. Mas tudo vai mudar com a chegada, após a generalização da banda larga, da tinta eletrônica e das telas flexíveis. Para produzir um jornal de papel, árvores são cortadas, transportadas, transformadas em celulose e depois em rolos gigantes de papel que são transportados para gráficas. Jornais são impressos, embalados, carregados sobre caminhões e depois descarregados nos pontos-de-venda. Os consumidores os compram, os levam para suas casas e, depois, os jogam no lixo. Eles são recolhidos por caminhões e, na melhor das hipóteses, levados a centros de reciclagem. Tudo isso guarda mais relação com a logística do que com a informação! Para um produto tão imediato quanto um jornal, esse desperdício é obsoleto.
PERGUNTA - Como as organizações de imprensa vão se adaptar?
CAUTHORN - Os jornais nunca foram precursores, mas o modelo econômico do jornal em papel, que já se encontra sob pressão há dez anos, será cada vez mais pressionado. Quase todos os jornais dos países desenvolvidos perdem dinheiro entre segunda e quinta-feira e são lucrativos apenas três dias por semana. O leitor que compra seu jornal sete dias por semana praticamente desapareceu. Doze anos atrás, eu criei para o "San Francisco Chronicle" um dos cinco primeiros sites de informação na internet. Dentro de 12 anos, duvido que os jornais impressos ainda sejam diários. Dentro de cinco a dez anos vão surgir jornais impressos três dias por semana: às sextas e aos sábados e domingos. Paralelamente, eles oferecerão informações na internet ou outras plataformas digitais durante sete dias por semana, 24 horas por dia. O conteúdo desses jornais em papel será mais contextualizado, lembrando o das revistas atuais; os furos ou informações quentes já terão sido dados na versão digital.
PERGUNTA - Que conteúdo os jornais deverão propor?
CAUTHORN - Hoje os jornais oferecem uma informação generalista. Amanhã, terão que se adaptar aos universos diferentes dos leitores. Estes vão querer uma informação concisa e pertinente, que lhes seja entregue "on demand" [por encomenda]. Assim, os longos artigos narrativos sempre existirão, mas de maneira menos dominante. Hoje mesmo as pessoas já têm a tendência a ler apenas os títulos. Dentro das próprias redações dos jornais, é difícil encontrar pessoas que lêem um jornal inteiro. Essa tendência vai se ampliar.
PERGUNTA - Os jornais se tornarão um produto de consumo amplo?
CAUTHORN - É claro que não! Uma paisagem feita de informações que respondem apenas à demanda seria deplorável. Entretanto, para serem lidos, os artigos terão que ser ainda mais surpreendentes, em vista da enorme concorrência representada pela profusão de informações disponíveis. Os jornalistas terão que pensar de maneira diferente e se preocupar mais com seu público. Há uma verdadeira revolução por vir. Hoje a maior preocupação dos jornalistas ainda é com os horários de fechamento e com a questão de fazer a informação sair o mais rapidamente possÍvel. O desafio é grande, mas o momento é apaixonante para o jornalismo.
PERGUNTA - Como vão evoluir os blogs ou o jornalismo cidadão e colaborativo? Estamos assistindo ao fim do quarto poder?
CAUTHORN - Não. Mas ele terá que aceitar compartilhar seu poder. Já hoje, nos EUA, blogueiros privados, que não têm o patrocínio de nenhuma instituição, gozam de tanta notoriedade junto ao público quanto os maiores editorialistas. Até hoje as pessoas que controlavam os jornais eram aquelas que tinham voz de autoridade no debate público. Isso era algo inerente ao equilíbrio de poder entre a imprensa e as instituições. Essa divisão de papéis pertence ao passado. Os blogs nunca vão tomar o lugar do jornalismo, mas vão continuar fazendo parte da paisagem. Quanto ao jornalismo cidadão, vai constituir uma maneira rápida e eficaz de revelar um acontecimento, mas nem por isso tornará obsoleto o jornalismo tradicional. Apesar disso, não creio que esse tipo de jornalismo seja capaz de lançar luz sobre crimes ou temas políticos. Para isso é preciso que se tenha acesso a determinadas fontes, e, sobretudo, é preciso contar com a proteção de uma instituição como um jornal. Este texto foi publicado no "Le Monde".
Tradução de Clara Allain.